Inspirações Poeticas

*Renato Manfredini Júnior, nome artístico: Renato Russo (Rio de Janeiro, 27 de março de 1960 – Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1996) foi um cantor e compositor brasileiro. Sua primeira banda foi o Aborto Elétrico (1978), que durou quatro anos e terminou devido às constantes brigas que havia entre ele e o baterista Fê Lemos. Russo herdou desta banda uma forte influência punk que influenciou toda a sua carreira. Nessa mesma época, aos 18 anos, assumiu para sua mãe que era bissexual e, em 1988, publicamente. Em 1982, integrou a banda Legião Urbana, desenvolvendo um estilo mais próximo ao pop e ao rock do que ao punk. Russo permaneceu na Legião Urbana até sua morte, em 11 de outubro de 1996. Gravou ainda três discos solo e cantou ao lado de Herbert Vianna, Adriana Calcanhoto, Cássia Eller, Paulo Ricardo, Erasmo Carlos, Leila Pinheiro, Laura Pausini, Biquini Cavadão, 14 Bis e Plebe Rude. ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Renato_Russo)

Teatro dos vampiros (Renato Russo)


Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.
Este é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance.
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos.
Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.
Vamos lá, tudo bem - eu só quero me divertir.
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal p'rá ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.
Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir.
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém.


*Fernando Pessoa, (1888 - 1935) foi um poeta e escritor português, nascido em Lisboa. É considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal.


Antopsicografia (Fernando Pessoa)


O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deverás sente.



E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.



E assim nas calhas de roda,

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama o coração.



*Cazuza, o nosso grande "poeta da rebeldia", o maior poeta musical que nosso país já teve, suas poesias que para muitos parece ser somente "loucuras cantadas", para mim é a mais pura verdade sobre os homens que nesse mundo estão e sobre os que desse mundo já foram. Considero suas poesias as mais belas obra literárias que um jovem já escreveu.




Codinome beija-flor (Cazuza)
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

*Humberto Geissinger, líder da banda Engenheiros do hawaii, grande poeta musical, sou um grande admirador de seus escritos "mecianicos", que repassam uma ideologia anos luz a frente do mundo em que vivemos. 



Piano bar  (Humberto Geissinger)
O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde e eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore no outono perde a cor
O que você não pode, eu não vou te pedir
O que você não quer, eu não quero insistir
Diga a verdade, doa a quem doer
Doe sangue e me dê seu telefone
Todos os dias eu venho ao mesmo lugar
Às vezes fica longe e impossivel de encontrar
Mas quando o neon é bom
Toda noite é noite de luar
No táxi que me trouxe até aqui
Bob Marley me dava razão
As últimas do esporte , hora certa
Crime e Religião
Na verdade nada
É uma palavra esperando tradução
Toda vez que falta luz
Toda vez que algo nos falta (alguém que parte e não volta)
O invisível nos salta aos olhos
Um salto no escuro da piscina
O fogo ilumina muito, por muito pouco tempo
Por muito pouco tempo, em muito pouco tempo
O fogo apaga tudo, tudo um dia vira luz
Toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos
Ontem à noite, eu conheci uma guria
Já era tarde, era quase dia
Era o princípio num precipício
Era o meu corpo que caía
Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, nada aquecia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão
Ontem à noite, eu conheci uma guria, que eu já conhecia
De outros carnavais, com outras fantasias
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão
No iníco era um precipício
Um corpo que caía
Depois virou um vício, foi tão difícil
Acordar no outro dia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão
Parecia que era minha

*Racionais Mc's, os grandes representantes da literatura periférica, somente eles possuem o pensamento racional da periferia e tem a coragem de transmitir a sociedade a realidade da favela sem alterar o dia-a-dia, os dialetos, as girias que "corre" na boca da juventude fazendo com que seus raps sejam melhor compreendidos.




 Jesus Chorou  (Racionais Mc's)

O que é, o que é?

Clara e salgada,
cabe em um olho e pesa uma tonelada.
Tem sabor de mar,
pode ser discreta.
Inquilina da dor,
morada predileta.
Na calada ela vem,
refém da vingança,
irmã do desespero,
rival da esperança.
Pode ser causada por vermes e mundanas
ou pelo espinho da flor,
cruel que você ama.
Amante do drama,
vem pra minha cama,
por querer, sem me perguntar me fez sofrer.
E eu que me julguei forte,
e eu que me senti,
serei um fraco quando outras delas vir.
Se o barato é louco e o processo é lento,
no momento,
deixa eu caminhar contra o vento.
Do que adianta eu ser durão e o coração ser vulnerável?
O vento não, ele é suave, mas é frio e implacável.
Borrou a letra triste do poeta.
Correu no rosto pardo do profeta.
Verme sai da reta,
a lágrima de um homem vai cair,
esse é o seu B.O. pra eternidade.
Diz que homem não chora,
tá bom, falou,
Não vai pra grupo irmão aí,
Jesus chorou!...


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